A
Esfinge, estátua que guarda a entrada do Vale dos Reis, no
Egito, tem seu passado rodeado por lendas e uma delas seria a pergunta
que fazia a todos os que desejassem ali penetrar: “Decifra-me
ou te devoro!” – Colocava, então, um enigma diante
daquele que pretendesse desvendar os mistérios das pirâmides
ou simplesmente pilhar as riquezas ali contidas.
Tal qual heróis enfrentavam a Esfinge, hoje devemos enfrentar
o Dragão da competitividade chinesa, monstro que vem não
apenas assombrando o sono de muitos empresários, mas que, de
fato, tem devorado fatias consideráveis do mercado mundial
em diversos segmentos de produtos industrializados.
A ordem que dele recebemos é: “Moderniza-te ou te devoro!”
– Não há alternativas senão a modernização
não apenas do parque industrial, mas também das formas
de gestão e, principalmente, das atitudes das nossas lideranças
nacionais, estaduais e municipais.
Ensina Michael Porter, em “A Vantagem Competitiva das nações”,
que duas são as formas de vantagem competitiva: custos e inovação.
A empresa pode ter acesso ao trabalho de baixo custo, às fontes
de matéria prima mais baratas, logística mais eficiente,
enfim, o custo reduzido pode coloca-la adiante de seus competidores.
Entretanto, ainda segundo Porter, a vantagem de custo é facilmente
copiável ou facilmente contornável, pois a tecnologia
permite nivelar condições de acesso ao baixo custo e,
tanto quanto ela, a gestão eficaz e um bom ambiente competitivo
podem suplantar os benefícios da vantagem de custo.
Desta forma, buscar vantagem de custo é obrigação,
é básico para se sobreviver nos dias atuais, tanto quanto
fazer aumentar a percepção de valor por parte do cliente,
ou seja, as empresas têm que estar continuamente se tornando
mais eficazes, obtendo menores custos, ao mesmo tempo em que, através
da inovação, faça aumentar a quantia que o mercado
está disposto a pagar por seus produtos, percebendo neles um
maior valor.
Encontra-se aí a segunda fonte de vantagem competitiva: a inovação.
Porém, não se trata apenas de inovação
tecnológica e sim de um conceito bem mais amplo, englobando
tecnologia, gestão, comunicação, relações
entre os clientes internos e externos, amparados por um ambiente competitivo
propício.
E é neste ponto que “o bicho pega” – ambiente
competitivo propício. Não bastasse o enorme desafio
de conscientizar empresários e funcionários de que o
mundo está mudando velozmente e que é necessário
se reinventar, o que já é tarefa hercúlea, temos
ainda que operar o milagre de convencer nossos políticos de
que eles estão matando a galinha dos ovos de ouro, pois o que
não temos no Brasil, e nem em Limeira, é um ambiente
competitivo propício.
O custo de se manter uma classe política tacanha e parasitária
anula qualquer ganho de competitividade que possa ser obtido via gestão
de custos e de inovação.
O dragão já começou a nos devorar e nossos políticos
seguem uma vida modorrenta, se deliciando no mar das verbas públicas
trazidas pelos altos impostos. Até quando?